Ontem estivemos presentes no Palácio da Bolsa para a 8ª edição da Bolsa de Ideias. Para quem não conhece a Bolsa de Ideias é uma série de encontros que têm como intuito apresentar e discutir novos projetos. Acontecem na última quarta-feira de cada mês (à exceção da oitava edição), às 19 horas, no Palácio da Bolsa, no Porto. Se tiverem curiosidade espreitem o site e também o Facebook. Vale mesmo a pena por toda a descontração vivida, pelos projetos que se revelaram interessantíssimo e pela organização fantástica de todo o evento.

Para nós foi muito mais que um momento de partilha do projeto da escola. Porquê? Bem, a verdade é que estamos habituados a apresentar o projeto a pessoas que já conhecem a pedagogia Montessori e que de uma forma ou outra contactaram com a pedagogia e que nos procuram com o intuito de saber mais. Não foi isso que aconteceu ontem. Existiam muitas pessoas na plateia que estavam a ouvir a palavra Montessori pela primeira vez e isso só tornou a experiência ainda mais incrível e enriquecedora.

Foram 30 minutos de partilha, de troca de experiências, de raciocínios feitos em conjunto que culminaram com a sensação de que existe ainda muito para mudar no nosso sistema de ensino, mas que esse caminho está a ser feito e que há cada vez mais pessoas a deixarem-se inspirar por novos caminhos.

Já há muito que desconfiamos que se aproximam novos ventos. Que existe uma mudança de paradigma que está para vir, não obstante todas as dificuldades que poderão surgir pelo caminho, mas isso só nos dá mais força porque seremos a geração de pais e educadores responsável pelo sucesso desta transição.

Claro que ao dizer isto não nos referimos só à pedagogia Montessori. Na realidade não nos referimos a nenhuma pedagogia em concreto, mas sim a uma nova forma de olhar para a educação. Em tempos encontrei um artigo que me fez refletir alguns pontos. Deixo-vos aquilo que acreditamos:

– A aprendizagem deve ter significado. Se aprendemos algo por precisamos ou porque nos desperta interesse, lembrar-nos-emos para toda a vida.

– Recompensas externas tendem a diminuir a motivação. A motivação deve vir de dentro pela importância que tem para nós e porque algo nos faz sentido.

– O caminho da aprendizagem torna-se mais interessante e realizador se aprendermos uns com os outros (e definitivamente não a competir).

– Incorporar movimento e pensamento crítico tornam a aprendizagem mais fácil e permanente. Não, não queremos crianças fechadas dentro de salas, quietas, 90 minutos, onde tudo o que é esperado delas é ouvir.

– A vida é feita de escolhas, mas se desde muito novos impedimos as crianças de fazerem as suas próprias escolhas e se não lhes é dada a oportunidade de escolher aquilo que quererem aprender, então, como podemos pedir-lhes que tomem boas decisões no futuro?

– O ser humano é um ser de conexões. As crianças precisam de se conectar a colegas e professores e é inquestionável a necessidade de desenvolvermos relações conscientes e a forma como essas relações podem tornar a aprendizagem em momentos de felicidade.

– Todos temos o poder de transformar a educação. Seja em casa com os nossos filhos, ao potenciar o respeito por si próprio e pelos outros, seja no trabalho ou com os amigos no passa a palavra, no diálogo, na partilha de conhecimento e de formas de pensamento. Tudo aquilo que precisamos é de alguém que nos inspire e todos podemos ser a inspiração de alguém!

 

Joana Magalhães